A Lenda de Ámon

I - Anábase de Ámon

A história de Caedia, da Ordem e de todo o continente está extremamente conectada ao antigo Império Euboriano, e este império tem um criador, um único indivíduo que moldou e mudou para sempre a história desse continente, se não de todo o planeta. Não nascido em Caedia, talvez não nasceu nem no que hoje em dia seria considerado parte do continente Taviano, e em uma era onde os homens ainda não haviam descoberto como viajar pelos oceanos ainda. Mas ao menos um pedaço de sua terra natal pode ser reconhecida: A península laraudiana, que os geógrafos vem lentamente passado a aceitar que seu terreno é alien a este lugar.

Há muito tempo, nas planícies Lauradianas, as crianças nobres do gênero masculino aos 11 anos eram abandonadas de suas famílias para viverem por conta própria, seja em matas, montanhas ou tentando a sorte em tribos estrangeiras e voltavam aos 16 anos consideradas como adultos, ganhando o direito de levantar armas por sua família e começavam também seus estudos, na qual parte delas se dedicaria ao sacerdócio e a outra ao exército. Os mais pobres e grosso da população vivem com suas famílias até os 16 anos, quando são considerados adultos e entram no exército como milicianos, lutando com lanças ou estilingues quando havia guerra.

Uma dessas crianças, membro de um clã desconhecido, era Ámon, que aos 12 anos foi abandonada na floresta para iniciar sua jornada a vida adulta. Mesmo em sua primeira semana Ámon já se sentia estranhamente conectado com a natureza ao seu redor, não sentindo nenhum dos perigos ou hostilidades descritos por seus pais, a sobrevivência na selva lhe era extintiva e ele se sentia muito mais confortável ali do que em sua vila.

No fim do seu primeiro mês, em uma fria noite começou a perceber uma voz em sua cabeça enquanto meditava vozes que afirmavam ser deuses, não os estranhos espíritos que sua vila adorava para que chovesse, mas verdadeiros deuses. Ámon se sentiu inseguro e parecia que sua meditação seria interrompida, quando lhe foi revelado em meio ao vazio de sua consciência um ser com estrutura humana e que vestia uma túnica de cor turquesa cobrindo todo seu corpo, suas únicas partes visíveis eram as pontas de seus dados e seu queixo, que eram de cor morena, em suas mãos ele segurava um cetro dourado com um olho encravado.

Essa criatura se apresenta como Riza, e diz a perplexa criança que ela tem uma missão especial para cumprir, mas antes que Ámon pudesse dizer qualquer coisa o vazio toma forma e Ámon se vê agora em um bosque, neve caia e o forte vento batia contra Ámon, que normalmente correria para sua casa ou, agora, para uma caverna, mas a despeito da intensidade do vento e a neve, o frio que ele sentia não era tão forte, era mais parecido com a boa sensação de refresco de quando se mergulha em um rio durante o verão.

Ámon olha para o céu e percebe atônito que o céu nessa floresta era purpuro e as estrelas piscavam intensivamente, Ámon sentiu seu corpo ser tomado por este céu, quando subitamente Riza aparece novamente, dessa vez sem seu cetro, Ámon olha para ele e percebe surpreso que a realidade ao seu redor emanava de todos os lados algum tipo de névoa, esta energia mudava de cor constantemente, incluindo cores que Ámon nunca viu antes e causavam imenso desconforto aos seus olhos. Mais estranho, ao mesmo tempo que parecia ser capaz de ver essa névoa, ele parecia não vê-la. A névoa, tão próxima, não o atrapalhava de ver as árvores ao seu redor, nem a grama coberta de neve em seus pés.

Ámon olha espantado para Riza, que lhe revela seu rosto e após um sorriso fraternal, pega em suas mãos parte dessa “névoa”, e por alguns minutos toda a “névoa” voava em direção ao deus e se comprimia em sua mão, tomando a forma de uma esfera que dessa vez só tinha uma cor: Turquesa. Riza estende suas mãos e a esfera cai no chão, parte dela se espalha e começa a evaporar, enquanto volta a tomar um formato esparso e a flutuar e mudar de cores, Ámon percebe que agora o céu estava azul, como de manhã, mas as estrelas piscantes ainda estavam lá e a despeito da ausência de nuvens, o sol não estava em lugar nenhum para ser visto, a nave também parecia haver desaparecido sem deixar rastro e já nem sentia o vento, mas, ainda assim, sua pele estava gelada.

Ámon olha para Riza que aponta o dedo para Ámon e a névoa que sobrou serpenteia em sua frente e vai em direção a criança, que completamente imóvel e hipnotizada com tudo que acontecia, nem percebe quando a névoa se converte em chamas, que entretanto não lhe queimam a pele, mas esquentam o seu corpo. Ámon se aproxima de Riza que sorri e lhe anuncia que ele também poderia fazer não só o que ele acabou de fazer, como também atos muito maiores se o adorasse

Àmon iria lhe perguntar algo, quando de repente se vê acordado na mesma caverna em que havia começado a meditar, porém agora ele também via daquela mesma névoa, visível e invisível ao seu redor, na verdade não só a via como também a sentia, Àmon também se sentia incrivelmente iluminado, como se acabasse de perceber algo óbvio, era como se estivesse procurando sua adaga para ir caçar apenas para perceber que ela já estava em sua cintura. Sentiu frio e notou que o fogo havia se apagado, decidiu tentar e utilizando de sua mente de forma intuitiva ele conseguiu moldar aquela névoa e chamas saíram de suas mãos, ele ascendeu a fogueira e foi como se todo o cansaço do dia caísse sobre ele de uma vez, Ámon decidiu dormir.

No fim desses dois anos enquanto meditava, Àmon teve uma visão diferente das que via antes, ele estava agora de pé em uma bela manhã no morro no bosque perto de sua vila, e ao seu lado se encontrava um homem encapuzado que lembrava Riza, porém sua pele era branca e não carregava um cajado em suas mãos, mas sim uma lança, na qual ele se apoiava de modo semelhante a Riza em seu cetro, sua manta era vermelha e dela emanava um forte cheiro de ferro, a manta não parecia vermelha por natureza, era óbvio pelas diferentes tonalidades e cheiros que ela havia acabado de ser encharcada em puro sangue, Àmon olhou-lhe um pouco atordoado, a divindade olha de volta e se apresenta como Isatis, Àmon perguntou-o sobre o sangue e o velho afirmou que aquele era o sangue de seu clã, o corpo de Ámon se arrepia e o sangue da roupa começou a cair sobre o chão e formou uma poça.

Ámon instantaneamente olha em direção a sua vila e finalmente percebeu: O portão estava arrombado e ele via chamas, corpos se espalhavam pela estrada e ele abandona Isatis correndo em direção a sua vila e percebeu homens de um clã rival, tentou esfaquear um dos soldados com sua adaga e transpassou seu corpo completamente, Àmon correu para dentro da vila e viu seu pai sem o braço direito e gritando de dor sendo lentamente assassinado por um dos nobres do clã rival que o apunhalava várias vezes no peito, Ámon tenta controlar a energia mágica do lugar para matar ao homem, mas falha, ele ouviu o inconfundível grito de sua mãe e correu em direção a ela apenas para vê-la sendo queimada viva pelo fogo que destruía sua casa, ouviu vários gritos parecidos e se deixou caiu de joelhos desnorteado pela confusão e violência ao seu redor, via algumas pessoas tentando fugir, apenas para descobrir que as saídas já haviam sido descobertas pelo inimigo que cruelmente estava a espreita e emboscava os fugitivos. Àmon continuou ali parado, observando as chamas que consumiam sua casa e o que sobrara de sua mãe, ouvindo mulheres sendo estupradas e pouco a pouco os sons de batalha diminuindo.

Àmon ficou parado nessa posição por horas, o sol já havia se posto e o inimigo se retirado, quando ouviu passos em sua direção e viu Isatis, ambos fizeram contato visual e Isatis lhe prometeu vingança com uma condição: Que sacrificasse seus inimigos em seu nome e submergisse em seu sangue, Àmon aceitou e o deus lhe ofereceu uma espada negra, com no meio com diversos símbolos desenhados, e lhe informou que ele não estava mais dentro de sua consciência, mas fisicamente em sua vila. Àmon toma a espada e imediatamente sentiu a dor em suas pernas, mas não sentia cansaço algum: Seu ódio parecia tomar conta de seu cansaço, o deus lhe informou que faz um mês que seu vilarejo foi destruído e o exército inimigo estava em marcha para destruir mais um outro clã.

Isatis ensina a Ámon o caminho até a vila de seus inimigos e este parte em direção a ela carregando a espada em sua mão direita, após caminhar por pouco mais de um dia sem parar para descansar ou mesmo se alimentar, Ámon consegue ver a vila de seus rivais, controlando a energia do lugar, Ámon forma uma nuvem mágica encima de toda a vila, um dos guardas o percebe e caminha em sua direção, no mesmo instante um mar de chamas cai sobre a vila, o guarda remove seu machado e corre em direção a Àmon que com uma rápida estocada no peito elimina o guarda, Àmon corre em direção ao povoado com sua espada em mãos e começa a assassinar as pessoas que corriam em direção ao portão principal, alguns soldados tentam em sua direção desorganizadamente e encontram um rápido rapidamente.

O líder do clã organiza sua guarda pessoal e soldados restantes, completamente atônito pela destruição causada por uma criança, certo de que se tratava ou de um demônio ou punição divina, reza para seus deuses e o ataca junto de sua guarda. Ámon, vendo os soldados de elite correndo em sua direção de forma organizada, foge para o bosque cantando no Idioma Espiritual e oferecendo a Isatis a alma daqueles que o perseguiam, em um certo ponto no meio do bosque, simplesmente para de correr e deixa seus inimigos o cercarem, o Rei ordena-lhe que se renda e explique o ataque, Ámon começa a rir e uma fumaça nauseante toma o lugar, centenas de humanoides armados com a mais diversas armas surgem do nada e de todas as direções e atacam o pequeno exército, o rei tenta fugir mas Ámon pula encima dele e o derruba no chão e pisa em sua cabeça, respondendo que veio por vingança em nome dos verdadeiros deuses e em seguida corta-lhe o pescoço, deixando o sangue espirrar em si mesmo.

Derrotado o adversário, Ámon marcha de volta com seu recém-adquirido exército para a vila destruída, e lá aguarda o retorno do corpo que saiu em expedição. Depois de algumas semanas as tropas retornaram de sua campanha, os sobreviventes do massacre feito por Àmon já haviam espalhado seus feitos e seus comandantes queriam vingança, convocando seus aliados, eles então marcham em direção as ruínas de seu lar, aonde Àmon já os esperava, o exército já em formação e cauteloso por conhecer dos prodígios de Àmon e de seu exército místico, abre cerco a cidade. O jovem, ao receber o relato de que seus adversários finalmente chegaram, parou de meditar e reunindo a energia do local lançou sobre eles uma tempestade de chamas que grudava na pele dos que eram atingidos pelas rajadas de fogo e se espalhava pelo corpo, a formação foi quebrada imediatamente e centenas de soldados morreram, com algumas dezenas fugindo do campo de batalha. Os que sobreviveram morreram durante o contra-ataque de Ámon.

II - Fundação de Euboria

Após derrotar o exército das tribos aliadas, Àmon partiu em uma campanha punitiva de 3 anos na qual atacou e destruiu todo e qualquer clã aliado (ou aliado dos aliados) daquele que destruirá sua vila, destruindo junto qualquer registro histórico que possa nos dizer o nome desses clãs ou seus líderes. Tais atos de violência tornou Àmon o homem mais famoso de sua época ao menos naquela região, nos clãs amigas àqueles que haviam sido destruídos seu nome era sussurrado e ele era considerado um demônio vingador. Mas Àmon não era visto apenas em más luzes, nas tribos aliadas a seus antigos clãs ou inimigos da que ele destruiu seu nome era cantado e ele recebera inúmeras ofertas para ingressar em um desses clãs como nobre e iniciar uma nova dinastia, ou mesmo para recriar seu clã a despeito de ter apenas 15, Ámon rejeitou todas essas ofertas.

Àmon viajava entre os clãs e pelas florestas livremente (já que ninguém ousava se opor a ele, mesmos seus inimigos) pregando sobre o Plano Espiritual e denunciando práticas comuns da época, como o abandono de crianças para sobreviverem na floresta, a escravidão e o ensino tradicional de pai para filho, sendo o primeiro a sugerir a criação de escolas e definitivamente o primeiro filósofo, e com suas palavras conseguiu centenas de seguidores que o seguiam de cidade a cidade.

Àmon também interferia quando lhe convinha, nas guerras entre clãs e lado que ele suportava sempre terminava como obvio vencedor, inclusive em algumas situações bastante que ele declarasse sua posição para que o lado oposto se rendesse, de forma que ele era trazido como mediador para diversos conflitos e servia como diplomata para a resolução dos conflitos de forma pacifica. Com isso seus seguidores passaram a se armar e muitos soldados abandonavam seu exército para lhe seguir também. Foi durante esse período de fama e glória que aos 25 anos Àmon obteve a sua terceira e última visão: Enquanto meditava, teve uma visão do futuro, essa não era a primeira vez que isso lhe acontecia, mas dessa vez sentia uma forte presença espiritual, igual a aquela de Rizar e Isatis, Àmon optou por apenas observar o que lhe era mostrado, e se via fisicamente em uma região quase plana, com um clima agradável e um grande rio próximo a ela e do outro lado do rio, faixas de terra semelhantes, Àmon pensava em como uma ponte poderia ser construída para ligar as duas faixas de terra, quando finalmente o terceiro deus se revelou, se apresentando como Ytch, e afirma que ele, O Escolhido, deveria fundar uma nação que venerasse aos Verdadeiros Deuses, e que Ytch iria guiá-lo e lhe ensinar os segredos da prosperidade, Àmon concorda com a missão e a visão se desfaz.

Ámon declara aos seus seguidores sobre o terceiro deus e o Império que fundaria em terras distantes e então caminhou de clã em clã anunciando sua peregrinação para a fundação de um Império e chamando a quem quisesse lhe seguir, os chefes tribais não gostavam desse chamado, que poderia atrair vários camponeses e causar problemas de produções, mas não ousaram se opor a entrada de Àmon em suas terras e estavam felizes por ele finalmente ir embora e deixar de intervir em seus conflitos ou arbitrariamente atacar uma vila.

Em 9 meses de viagem, na qual Ámon lutou diversas vezes contra os clãs do norte que ouviram falar de seu nome e estavam curiosos para testá-lo, Ámon agora se encontrava no topo de uma montanha observando o mar a sua frente, muitos de seus seguidores haviam morrido nas batalhas travadas até esse ponto, vários outros morreram na escalada da montanha, inclusive umas das crianças a quem ele mesmo ajudou a realizar o parto, e nem tudo lhe fazia sentido: Ytch lhe dizia para seguir adiante, mas a sua frente só havia água e deus não lhe havia instruído a carregar madeira, Àmon olhou novamente ao mar, um de seus seguidores mais velhos cujo nome era Maurice, se aproximou e avisou a Àmon que a noite chegara e o povo esperava instruções e explicações. O Profeta então lhe disse que o povo deveria dormir em cavernas e racionar a comida, deveriam levar todo o necessário para essas cavernas e não saírem dela nos próximos 7 dias, ordem que se estenderia aos seus guardas e todos os soldados, o que fariam na caverna não é importante, mas não poderiam abandoná-la, além disso, ninguém deveria incomodá-lo.

Àmon então se pôs a meditar ali e na manhã seguinte um imenso terremoto foi sentido em toda a península lar audiana, ou mais apropriadamente: Continente Laraudiano. O continente inteiro se movia em direção ao norte, ao sul, os clãs entravam em desespero e diversas casas desabavam, nas montanhas, avalanches caiam sem parar e aqueles que desobedeceram a Àmon logo encontraram seu fim. O Heraldo dos Verdadeiros Deuses com sua magia mudava a ilha de lugar a uma velocidade incrível, aqueles que se encontravam dentro das cavernas ouviam e sentiam os tremores, mas se encontravam em segurança, Após os 7 dias os tremores pararam e o continente inteiro havia se conectado com uma floresta jamais vista, Àmon organizou seus seguidores, cuidou dos feridos e após lhes explicar o que acontecera, continuou a sua peregrinação rumo a floresta, aonde viajou por 2 meses de encontrar um povoado humano chamado Kashikoichi que se demonstrou hostil a priori, porém se confortaram mais quando Àmon se mostrou capaz de comunicar-se com eles em sua linguagem nativa.

Àmon comprou deles exorbitantes quantias de cavalos, carroças, ferramentas, alimentos e várias outras coisas, também comprou uma aliança com Sofos, o líder da cidade-estado e ajudou-lhes em uma curta guerra de um mês contra os seus rivais, conhecidos como Apaideutos. Os homens de Kashikoichi, incluindo seu rei, impressionados com os feitos e histórias de Àmon, abandonaram tudo o que tinham e o seguiram em sua peregrinação. Após cerca de 1 ano de viagem, Àmon atingiu o lugar visto em sua visão e mandou fundar ali a cidade de Euboria, instituiu o culto aos 3 deuses como religião oficial, estabeleceu o Idioma Espiritual como linguagem oficial, proibiu o sacrifício humano de compatriotas e a escravidão, fundou escolas e estabeleceu a monarquia, além disso, estabeleceu guerras ritualísticas contra povos pagãos para a captura de prisioneiro para sacríficos a Isatis de 6 em 6 anos e expansão do Império, criou uma grande biblioteca e fundou um exército profissional para a defesa de sua pátria. Reinou sabiamente por 250 anos, nos quais expandiu sua cidade para um grande Império tanto por colonização quando em incontáveis guerras. Aos seus 277 anos, nomeou Julianus, pentaneto de Sofos como novo Imperador e partiu para o Reino Espiritual.

Autor Desconhecido